Na profunda escuridão da morte pedi-te que me levasses
Que me deixasses abandonada nesse frio terror da noite sem fimVoei por vales e montanhas de sonhos despedaçados, de entregas rasgadas em bocados pelas ilusões.
Enterrei-me no sepulcro da raiz cinzenta
Chorei...chorei...chorei...Os meus olhos não tinham água, mas sim um sangue negro que inundava aquela terra e a transformava num vermelho fogo
E tudo ardia à minha volta, o calor deste inferno secou as minhas lágrimas, destruiu o meu finito ser
Senti dilacerar-me a pele
Derreter os meus órgãos
Consumir os meus ossos.
Nada ficou...E eu assisti a tudo, à primeira vista, em pânico e sem perceber.
Até que quando me vi consumida, destruída, extinta, soube: Eu já não existia!
O ar levou as cinzas que restaram e senti um manto de água que me aconchegava e refrescava...
Senti chegar-me a casa, pisar o frio granito de uma nova morada, deixar o rasto líquido de uma água que purificava aquele caminho.
Outros me esperavam, em círculo, de mãos dadas...aguardavam que eu fechasse aquele momento de renovação.
Os mantos de água caíram e à nossa volta uma cascata se levantou, ao centro a terra se abriu...Assim começou a Jornada...
A cada transformação, o que é fútil e desnecessário, que nos prende a uma existência sem significado será eternamente apagado quando decidimos descer um pouco mais ao fundo da nossa alma.
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