Certa noite, perdida no tempo, como todas as outras noites, no meia daquela Floresta Quase Mágica, Indrin acordou com um riso. Era um riso agudo e não parecia ser da séria e composta Fern. Quem seria? De onde viria? Qual a razão daquele riso?
O riso parou por uns momentos, fechou os olhos e o riso voltou, desta vez mais perto...
Quando abriu os olhos viu uma luz a flutuar ao pé de si, era dali que provinha aquele riso. Não sentia medo, na sua mente ainda sonolenta só conseguia pensar: Porque se ri? Parece que lhe contaram uma piada!
A resposta foi inesperada, mas imediata, uma voz aguda, distante, mas situada bem à frente do seu pequeno nariz:
- Mexes as orelhas quando dormes, como as fadas!
Humm?
O que tinha acabado de ouvir, pensava Fern...uma voz quase sumida no ar a escarnecer das suas pequeninas orelhas pontiagudas, sem qualquer pintinha de vergonha! Malvada!
-Quem és tu? Ou devo dizer o que és tu? E porque me vens incomodar as orelhas enquanto repouso os meus olhos, sem te apresentares sequer?
-Calma muy nobre princesa Indrin, não quero ofendê-la! Sou a Boon, a fada dos sonhos. Ias ter um pesadelo e por isso vim acordar-te para dares um passeio comigo. Queres vir?
-Eu não sou princesa, para começar esta conversa imaginária dos meus sonhos. Se ia ter um pesadelo devias deixar-me tê-lo e não vou a lado nenhum com uma luz pirilampo de se ri das minhas orelhas enquanto durmo! - responde Indrin
-Já estou a ver que mais uma vez me tocou uma refilona! Devem pensar que eu tenho a paciência dos entes para vos aturar... Se não quiseres vir não vens...eu vou andando sozinha.
E Boon, lá foi flutuando em direcção à janela. Indrin, muito indignada pergunta:
-E como sabes tu o meu nome?
Boon presunçosamente responde:
-As fadas sabem tudo.
-E Boon Sabe-Tudo, diz-me onde me queres levar? - questiona Indrin.
-Quando lá chegares vês - responde Boon.
Indrin intrigada e curiosa com as palavras daquele ser mágico que a impelia a segui-la deu por si a sair da cama e a caminha na sua direcção, até que lhe pergunta:
- Como vou eu sair, não consigo saltar a janela!
Com uma risada, só sua, Boon responde-lhe:
-Como sabes se não arriscaste?
E ao olhar para os seus próprios pés descobertos, Indrin percebeu que estes não tocavam o solo... Estava a voar, tal como Boon. Num impulso aquela luzinha brilhante janela fora, Floresta dentro rumo à aventura...