Lua do Silêncio

Ou lua vazia, ou lua negra. É a lua de todas as possibilidades, de todos os inícios e de todos os fins.

Sem rumo, deambulando pela floresta, quase etéreo, lá te encontras.
Quase não te consigo ver pela tua fraqueza...

Sacia-te...bebe do meu sangue se quiseres, alimenta-te da minha carne se precisares, renasce das cinzas!

O fétido perfume que emanava da tua pele suavemente se torna jasmim...


A tua pele transparente ganha agora o tom da terra e os teus olhos trespassam-me a alma...

Num momento nossas veias se entrançam e nos elevam em cordas flutuantes ao centro da Terra.

Numa dança fluída nossos corpos se fundem e se tornam num só...

Um só ser de sangue que pulsa a cada bater do coração da Mãe Terra...

Retornados ao seu seio...Filhos de um mesmo ventre...filhos de uma mesma matéria ilusória que une uma mesma essência.




Porque insistes em tocar-me com as tuas garras no meu ventre? Ainda sinto as tuas mãos a apertá-lo... Retenho a respiração para suportar a dor, mas tu não estás satisfeita! Queres levar-me ao limite uma vez mais, queres que reveja o passado, repense o futuro?

Pois bem, chega...Leva-me se é isso que queres!

Já nada tenho a perder.

Despojo-me de tudo e parto se esse for o meu destino.

Corta-me em pedaços, dá-me como petisco aos abutres e enterra meus ossos na terra.

Leva a minha alma ao Vale dos Mortos e dá-lhe o Sopro Final.

Qual é o teu medo no meu fim? Porque não consegues terminar?

Gostas apenas de me ver contorcer de dor? Agarrada às entranhas que me queres devorar?

Vou permanecer quieta...serena...e se tiveres coragem...Leva-me porque estou pronta e despojada do meu corpo...


A noite cai como uma gota de orvalho
Ao seu som o meu corpo sente uma cadência que vai seguindo
Move-se como um rio que procura o mar
Serpenteia no seu caudal, cai em cascata dos penhascos...

Corre, Corre, Corre
Corre até uma Foz inalcansável....
Finalmente chega e em êxtase
O seu movimento eleva-se em ondas de emoção
Numa tormentuosa busca da Terra, sua amada

E busca, busca, busca
Busca e não a encontra
Sua amante Lua o puxa, para cima e para baixo
Conforme seu ciclo incita
Como se de uma marioneta se tratasse...

Ela conta uma história...
A história do seu Sol, que busca em círculos e não encontra.

E todos dançam, todos acompanham a cadência
Dia a após noite
Noite após dia
Uma dança à Infinita Alquimia do Ser.

Na profunda escuridão da morte pedi-te que me levasses
Que me deixasses abandonada nesse frio terror da noite sem fim
Voei por vales e montanhas de sonhos despedaçados, de entregas rasgadas em bocados pelas ilusões.



Enterrei-me no sepulcro da raiz cinzenta
Chorei...chorei...chorei...
Os meus olhos não tinham água, mas sim um sangue negro que inundava aquela terra e a transformava num vermelho fogo
E tudo ardia à minha volta, o calor deste inferno secou as minhas lágrimas, destruiu o meu finito ser
Senti dilacerar-me a pele
Derreter os meus órgãos
Consumir os meus ossos.


Nada ficou...E eu assisti a tudo, à primeira vista, em pânico e sem perceber.
Até que quando me vi consumida, destruída, extinta, soube: Eu já não existia!


O ar levou as cinzas que restaram e senti um manto de água que me aconchegava e refrescava...


Senti chegar-me a casa, pisar o frio granito de uma nova morada, deixar o rasto líquido de uma água que purificava aquele caminho.
Outros me esperavam, em círculo, de mãos dadas...aguardavam que eu fechasse aquele momento de renovação.
Os mantos de água caíram e à nossa volta uma cascata se levantou, ao centro a terra se abriu...

Assim começou a Jornada...

A cada transformação, o que é fútil e desnecessário, que nos prende a uma existência sem significado será eternamente apagado quando decidimos descer um pouco mais ao fundo da nossa alma.

Who am I?

A minha foto
Desde cedo, começou por explorar práticas espirituais que a ligam directamente à Natureza, aos ciclos da Terra e ao Sagrado Feminino. Apaixonada por todas as formas de expressão criativa, começou o seu trajecto na escrita criativa, artes plásticas, desenho e pintura. Criou e participou em diversos blogs de escrita poética, investigação e espiritualidade. Desenvolveu a sua formação académica na área da Comunicação e participou em várias formações de Dança Contemporânea, Consciência Corporal, Teatro, Escrita Criativa e Artes Plásticas. Actualmente estuda Movimento Oriental. Em 2007 foi a fundadora do conceito ArtingLuna, através do qual expressa a sua linha de artesanato, em acessórios de tecido, incensos rituais, cabazes gourmet, entre outros. O conceito ArtingLuna é também a base pela qual tem desenvolvido a conexão terapêutica da Arte com a Espiritualidade, através de vários ateliers, workshops, encontros e círculos.

Um história para todos...

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