Lua do Silêncio

Ou lua vazia, ou lua negra. É a lua de todas as possibilidades, de todos os inícios e de todos os fins.

Parei, pensei, senti saudades...



Saudades do quê?



De uma parte de mim que parece ter sido posta de lado para me colar à terra como uma lapa se cola a uma rocha!







Senti falta de acender uma vela...



Sem qualquer motivo, só porque me sinto bem com uma vela acesa no meu quarto, sempre fui assim.



Porque a sua luz me faz sentir em casa, me faz sentir aconchegada. Perco-me nos meus sonhos ao ver a dança da sua chama!







Senti falta de perfumar o quarto com incenso...



Jasmim, o meu preferido!



Ver o rodopiar do seu fumo, sentir o seu aroma e viajar para o meu mundo, lá longe...







Senti falta do meu chá, que me acompanha antes de dormir...



Limão e gengibre com mel.



Como um doce abraço, que aquece e embala.



Sonho bebê-lo no alpendre da minha casa de madeira, num final de tarde...



O perfume das flores e dar ervas do meu jardim.







Como me posso esquecer destas pequenas coisas que me definem e me completam?



Pequenas coisas que me fazem sentir viva, sentir quem sou!



Não precisamos de grandes coisas e grandes objectos para nos afirmarmos no mundo, se tivermos momentos que nos afirmam e relembram quem somos, de onde viemos e nos ajudam a perceber para onde queremos ir!


A noite ainda há pouco nasceu, a lua vai-se espreguiçando e as estrelas cintilando.


No meu mundo, renasce uma vontade incontrolável de escrever, de voltar a dizer ao universo o que me passa na alma.
O túmulto emocional em que vagueia o meu coração e a minha mente não pára, não me deixa manifestar, sem que à minha frente se estenda um mar de mágoa e dor que um dia irão pertencer ao passado, pois apenas se referem a um passado descoberto num presente, mas perdido nas esperanças infantis e inocentes de alguém que se recusou a não poder sonhar!


Nunca deixarei de sonhar, mesmo que tenha de aprender pela dor. Ainda procuro a fórmula para transfomar a mágoa, a dor, o sofrimento em algo mais suportável...mais positivo, mas é tarefa árdua. Não desisto, esta luta interior há-de continuar.


Cruzei um oceano à procura de uma parte de mim e da minha história, sempre pensando que me iria ajudar a evoluir e a perceber o karma desta vida. A verdade é que encontrei o que procurava. Não da forma que esperava, mas encontrei. Sempre me disseram para ter cuidado com o que desejo, nunca poderia concordar tanto com tal advertência.



Desde que nasci, sonhei encontrar do outro lado do oceano uma árvore de princípios fortes para me segurar, porém encontrei uma árvore em fim de vida... Sentada ao pé das suas raízes, que um dia foram fortes, tentei apanhar as folhas e os ramos bem velhinhos, mas já demasiado frágeis pelo mau trato do desespero e perdição...um por um se transformaram em cinza.



Nada terá sido em vão, aprendi a lição: "não procures fora o que só podes encontrar dentro de ti".



Esta lição vai-me acompanhar para o resto da vida.




Sem dúvida que a experiência nos faz crescer. Aquelas duas semanas foram as mais longas e as mais esclarecedoras da minha vida.



Seja qual for o canto do mundo em que me encontre, quer me sinta muito feliz ou muito perdida, o meu lugar será sempre no meu cantinho lusitano. Bem diziam que é terra de luz...



Ainda não encontrei todas as forças interiores para suportar um fardo tão pesado. Ainda assim um dia este fardo há-de perder o seu peso, há desvanecer-se no tempo como uma memória que marca a viragem para uma nova fase.



Agora é o tempo de todas as mudanças...limpar o passado, arrumar cada coisa na sua gaveta, queimar o que não interessa, descartar esperanças infundadas para dar espaço a novos sonhos: renascer. Das cinzas daquela árvore com que sempre sonhei, renasço para um mundo visto com outros olhos.


Estas são as dores de um parto dificil, ainda não sei muito bem como respirar neste novo ambiente. Poucas horas passaram e tudo me empurra para começar a correr, cantar, dançar, mas eu ainda não tenho sequer consciência de mim... grito ao mundo para parar um segundo para conseguir respirar, mas não há tempo.


O que vai o mundo exigir de mim para me fazer correr tão rápido?



Mais uma vez as minhas forças continuarão a ser postas à prova e eu continuarei a descobrir até onde elas poderão ir! Não quero a piedade do mundo pois ninguém carrega mais do que aquilo que pode aguentar...



Quando somos crianças criamos herois, expectativas que o tempo e a dureza do mundo se encarregam de destruir... a pureza e ingenuidade de uma criança são brutalmente desfeitas em pedacinhos...quando adultos vemos essas mesmas "fantasias" serem restituidas, ou parecerem querer ser reconstruidas, hesitamos, mas com a sede de voltar a sonhar como uma criança, aceitamos cada uma delas e até mais...



Quão duro é voltar de novo à realidade brutal do mundo...
Quão duro é recebermos um pontapé e sermos obrigados a pensar: Cresce!



Mas porque temos de crescer pela dor?

Como conseguimos crescer para além daquilo que nos parecer ser possivel?

Se consigo? Talvez...mas com que forças?

Who am I?

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Desde cedo, começou por explorar práticas espirituais que a ligam directamente à Natureza, aos ciclos da Terra e ao Sagrado Feminino. Apaixonada por todas as formas de expressão criativa, começou o seu trajecto na escrita criativa, artes plásticas, desenho e pintura. Criou e participou em diversos blogs de escrita poética, investigação e espiritualidade. Desenvolveu a sua formação académica na área da Comunicação e participou em várias formações de Dança Contemporânea, Consciência Corporal, Teatro, Escrita Criativa e Artes Plásticas. Actualmente estuda Movimento Oriental. Em 2007 foi a fundadora do conceito ArtingLuna, através do qual expressa a sua linha de artesanato, em acessórios de tecido, incensos rituais, cabazes gourmet, entre outros. O conceito ArtingLuna é também a base pela qual tem desenvolvido a conexão terapêutica da Arte com a Espiritualidade, através de vários ateliers, workshops, encontros e círculos.

Um história para todos...

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