A noite ainda há pouco nasceu, a lua vai-se espreguiçando e as estrelas cintilando.
No meu mundo, renasce uma vontade incontrolável de escrever, de voltar a dizer ao universo o que me passa na alma.
O túmulto emocional em que vagueia o meu coração e a minha mente não pára, não me deixa manifestar, sem que à minha frente se estenda um mar de mágoa e dor que um dia irão pertencer ao passado, pois apenas se referem a um passado descoberto num presente, mas perdido nas esperanças infantis e inocentes de alguém que se recusou a não poder sonhar!
Nunca deixarei de sonhar, mesmo que tenha de aprender pela dor. Ainda procuro a fórmula para transfomar a mágoa, a dor, o sofrimento em algo mais suportável...mais positivo, mas é tarefa árdua. Não desisto, esta luta interior há-de continuar.
Cruzei um oceano à procura de uma parte de mim e da minha história, sempre pensando que me iria ajudar a evoluir e a perceber o karma desta vida. A verdade é que encontrei o que procurava. Não da forma que esperava, mas encontrei. Sempre me disseram para ter cuidado com o que desejo, nunca poderia concordar tanto com tal advertência.
Desde que nasci, sonhei encontrar do outro lado do oceano uma árvore de princípios fortes para me segurar, porém encontrei uma árvore em fim de vida... Sentada ao pé das suas raízes, que um dia foram fortes, tentei apanhar as folhas e os ramos bem velhinhos, mas já demasiado frágeis pelo mau trato do desespero e perdição...um por um se transformaram em cinza.
Nada terá sido em vão, aprendi a lição: "não procures fora o que só podes encontrar dentro de ti".
Esta lição vai-me acompanhar para o resto da vida.
Sem dúvida que a experiência nos faz crescer. Aquelas duas semanas foram as mais longas e as mais esclarecedoras da minha vida.
Seja qual for o canto do mundo em que me encontre, quer me sinta muito feliz ou muito perdida, o meu lugar será sempre no meu cantinho lusitano. Bem diziam que é terra de luz...
Ainda não encontrei todas as forças interiores para suportar um fardo tão pesado. Ainda assim um dia este fardo há-de perder o seu peso, há desvanecer-se no tempo como uma memória que marca a viragem para uma nova fase.
Agora é o tempo de todas as mudanças...limpar o passado, arrumar cada coisa na sua gaveta, queimar o que não interessa, descartar esperanças infundadas para dar espaço a novos sonhos: renascer. Das cinzas daquela árvore com que sempre sonhei, renasço para um mundo visto com outros olhos.
Estas são as dores de um parto dificil, ainda não sei muito bem como respirar neste novo ambiente. Poucas horas passaram e tudo me empurra para começar a correr, cantar, dançar, mas eu ainda não tenho sequer consciência de mim... grito ao mundo para parar um segundo para conseguir respirar, mas não há tempo.
O que vai o mundo exigir de mim para me fazer correr tão rápido?
Mais uma vez as minhas forças continuarão a ser postas à prova e eu continuarei a descobrir até onde elas poderão ir! Não quero a piedade do mundo pois ninguém carrega mais do que aquilo que pode aguentar...
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