A minha respiração é a tua, o meu corpo é o teu, o mundo deixou de existir em nós...
Nestes dias o meu coração recorda-te.
It's one need in the night
One love, we get to share it
Leaves you, darling, if you don't care for it.
Or leave a bad taste in your mouth?
You act like you never had love
And you want me to go without
To drag the past out into the light
We're one, but we're not the same
We get to carry each other, carry each other
One
Have you come to raise the dead?
Have you come here to play Jesus
to the lepers in your head?
You gave me nothing, now it's all I got
We're one, but we're not the same.
Well, we hurt each other, then we do it again.
Love is a temple, love a higher law
Love is a temple, love the higher law
You ask me to enter, but then you make me crawl
And I can't keep holding on to what you got
When all you got is hurt.
One life you got to do what you should.
One life with each other: sisters, brothers.
One life, but we're not the same.
We get to carry each other, carry each other.
One! One!
Revolta, como a água em tempestade. Pelas gotículas que se julgam um oceano, capazes de o extinguir, pelas ondas que se julgam o poder único, capazes de fazer prostrar todo o oceano perante si, pelos pântanos que julgam ser verdadeiras nascentes, mas não se permitem fluir... revolta pelo julgamento do que parecendo ser, deixa de o ser.
Revolta, sim...Revolta e tristeza... Esta é hoje a voz do meu silêncio ...
Never underestimate a woman who is suffering
who seems to be making risky choices.
She is deep in lesson.
She is visiting the underground,
she is making sense of life in some invisible way
... the fragmentation in her life could be a precursor
to a new resurgence.
She could well stun you with some home truths.
Aprendi que na vida só somos se formos inteiros e verdadeiros. Quando queremos avançar, avançamos com tudo o que temos: entusiasmo, alegria, medo, tristeza, dúvida. Quando não queremos avançar, assumimos a nossa vontade.
Se esta intensidade é incomodativa, pois que tem como propósito afastar e/ou atrair quem me acompanhe.
A todos que dele fazem parte, têm todo o meu Amor e toda a minha Gratidão.
Às ervas daninhas que lá habitam, também têm o meu Amor e a minha Gratidão porque apesar de perecerem rapidamente também me trazem importantes lições de vida.
Quando uma mulher se sente insegura, perdida, se questiona sobre o seu lugar, ouvem-se os seus cascos pela terra. Quando a mulher sente uma dor que não consegue curar, ouve-se o seu relinchar.
Raras dizem tê-la visto na encruzilhada... Porém muitas a ouvem, muitas a chamam, para fugir, mas o que não sabem é que essa fuga as levará ao mesmo lugar, tantas vezes quantas forem necessárias, para que se questionem, sobre o seu lugar, a sua entrega, as suas certezas, o seu caminho.
Diz a lenda que ela apareceu com uma mulher-loba.
A mulher-loba, selvagem, amazona, na solidão da floresta, sentia um vazio no seu peito por se apaixonar por tudo o que se desvanecia. A paixão atravessava-a, mas não ficava, não se transformava. Certa noite, ela desejou fortemente que a paixão chegasse para que a pudesse agarrar e fazê-la permanecer, florescendo em Amor. E assim foi, a paixão chegou, ela sentiu-se crescer, crescer, crescer...sentiu-se abrir, rasgar... a sua pele caía em pedaços, o seu coração batia tanto que ela se sentia morrer, queria gritar, mas a sua voz falhava... o que aproximava o Amor da Morte estava a manifestar-se em si, mas ela não queria perder a sua liberdade, a sua identidade, não queria se dissolver e por isso chamou a sua égua para que ficasse perto de si, sempre.
Sempre que se sentisse morrer ela tinha a certeza que podia fugir e assim, as dores passavam... Um dia, ao fazer amor com o seu amado, ela sentiu tanto medo de que a dissolução estivesse perto, que chamou Epona e fugiu para as florestas...mas o seu desejo tinha sido tão forte, que Epona a trouxe de volta, vezes sem conta.
A mulher-loba acordou numa noite com a lua iluminando o seu rosto e o do seu amado e soube que era o momento. Os seus olhos cruzaram-se tão profundamente que as suas almas se tocaram, os seus corpos se fundiram num só corpo que ondulava e rebentava, abrindo-se como o oceano, os seus corações batiam num uníssono com o coração da Terra.
Nesta rendição, dois corpos sagrados resnasceram e partiram unidos para novas paragens.
Epona permaneceu. Hoje ouvem-se os seus cascos, o seu relinchar... E quando uma mulher decide fugir à entrega total em nome da sua aparente liberdade ou individualidade, ela leva-a por caminhos tortuosos e trá-la de volta, até que ela possa aprender a lição da rendição ao sagrado masculino, como mulher sagrada e completa.
Texto: Ilda Baeza
Ela é velha, muito velha. Vive numa casa com telhados de vidro, mas não atira pedras aos dos outros.
No centro da sua cozinha tem uma grande pedra...chama-lhe lar. É nesse centro que está o fogo, o fogo de Brigid, que alimenta a alma de todos os que lá passam, para comer a sua sopa, contar e ouvir histórias, pedir os seus conselhos ou simplesmente ficar a admirar aquela fonte mágica de vida, que nunca se apaga.
Diz-se que essa velha não tem idade, todos os seus filhos e netos já partiram.
Apesar da ausência de laços familiares, ela nunca está só, mesmo quando tem a casa vazia de gente.
Dizem que à noite se transforma, que é possuída por um demónio e que corre pela casa, formando redemoinhos, elevando todos os cacos e farrapos, que com ela rodopiam, voam, caindo intactos, de volta aos seus lugares precisos...
Dizem... é o que dizem... e porque dizem, têm a sua razão!
Aquela velha muito velha de dia é luz que acalma as almas e de noite é tormento que inquieta corações.
De dia todos a amam, de noite, todas a temem.
Mas alguns, muito poucos, se atreveram a conhecer aquela velha, nas suas noites...
Numa dessas noites, uma jovem, atraída por uma voz magnificiente, que unia céu e terra, entre o mais harmonioso e mais cavernoso que já tinha ouvido na sua existência, dirigiu-se até àquela misteriosa casa.
A habitual porta tornara-se um portal de madeira imponente, lá dentro estava tudo escuro, como a noite e lá em cima todas as estrelas brilhavam, embaladas pelo Velho Crescente.
O chão era terra, pura terra, revolvida, macia e envolvente.
"Descalça-te filha." Ouviu ela. Fascinada com o que estava a presenciar, anuiu e prosseguiu descalça.
Apercebeu-se que caminhava numa floresta, quando pisou uma raiz, e ao tentar agarra-se a algo, abraçou um voluptuoso tronco.
Seguindo a voz que a tinha chamado, naquela floresta, em noite negra, chegou perto de um fogo tão belo que cruzava os céus em tons de branco, vermelho e preto. Tão intenso, tão profundo que a fez chorar. E ali, estática a uns metros do fogo, ela chorou e chorou. As suas lágrimas pareciam não ter fim, aos seus pés a água corria, como um pequeno ribeiro que procurava outras fontes para fertilizar a terra.
Quando já nada mais tinha para chorar, purificada, sentido o seu coração maior que do que si mesma, tentou aproximar-se do fogo. No entanto, algo a impedia, uma força maior, uma parede de invisível.
"Despe as tuas roupas." Novamente aquela voz...
Vacilando, questionou-se: o que estava a acontecer? Porque tinha de se despir? Começava a sentir-se desconfortável naquele local que, olhando à volta, parecia apenas um sonho sinistro... Mas uma vontade imperiosa de chegar perto daquele fogo, despiu-lhe cada peça de roupa que vestia.
Ao ficar nua, começou a sentir o calor daquele fogo mais próximo de si, tomando cada parte do seu corpo, cada recanto. Chamas rodopiavam à sua volta e dentro de si, acariciavam a sua pele em fogo e queimavam-na em êxtase por dentro. O seu corpo deixou de existir para ser fogo conectado com a Terra e com o céu. Conseguia ver e tocar as estrelas e o Velho Crescente, abraçar as raízes profundas daquelas árvores milenares.
De si fluía um néctar, com todos os tons do arco-íris. Quando tocava o chão brotavam flores, ervas e rebentos de novas árvores. Pequenos animais aproximavam-se para se deliciarem.
Aquele fogo que se estendia ao céu e à terra tornava-se cada vez mais forte e cada vez mais quente, balançava, balançava, rodopiava, dançava... era luz na escuridão e escuridão na luz... aquela luz que atormentava os seus olhos...
"Come estas papas de aveia!"
"Humm? Papas de aveia? Mas o que aconteceu? Onde estou?! Aquele fogo..."
Um profundo suspiro e um sorriso...
Era assim que acordavam, no colo daquela velha, muito velha... Na casa da Grande-Mãe... Junto do seu fogo sempre-vivo, que nutre aqueles que a visitam...de dia ou de noite...