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A minha respiração é a tua, o meu corpo é o teu, o mundo deixou de existir em nós...
Nestes dias o meu coração recorda-te.
Revolta, como a água em tempestade. Pelas gotículas que se julgam um oceano, capazes de o extinguir, pelas ondas que se julgam o poder único, capazes de fazer prostrar todo o oceano perante si, pelos pântanos que julgam ser verdadeiras nascentes, mas não se permitem fluir... revolta pelo julgamento do que parecendo ser, deixa de o ser.
Never underestimate a woman who is suffering
who seems to be making risky choices.
She is deep in lesson.
She is visiting the underground,
she is making sense of life in some invisible way
... the fragmentation in her life could be a precursor
to a new resurgence.
She could well stun you with some home truths.
Aprendi que na vida só somos se formos inteiros e verdadeiros. Quando queremos avançar, avançamos com tudo o que temos: entusiasmo, alegria, medo, tristeza, dúvida. Quando não queremos avançar, assumimos a nossa vontade.
Ela é velha, muito velha. Vive numa casa com telhados de vidro, mas não atira pedras aos dos outros.
No centro da sua cozinha tem uma grande pedra...chama-lhe lar. É nesse centro que está o fogo, o fogo de Brigid, que alimenta a alma de todos os que lá passam, para comer a sua sopa, contar e ouvir histórias, pedir os seus conselhos ou simplesmente ficar a admirar aquela fonte mágica de vida, que nunca se apaga.
Diz-se que essa velha não tem idade, todos os seus filhos e netos já partiram.
Apesar da ausência de laços familiares, ela nunca está só, mesmo quando tem a casa vazia de gente.
Dizem que à noite se transforma, que é possuída por um demónio e que corre pela casa, formando redemoinhos, elevando todos os cacos e farrapos, que com ela rodopiam, voam, caindo intactos, de volta aos seus lugares precisos...
Dizem... é o que dizem... e porque dizem, têm a sua razão!
Aquela velha muito velha de dia é luz que acalma as almas e de noite é tormento que inquieta corações.
De dia todos a amam, de noite, todas a temem.
Mas alguns, muito poucos, se atreveram a conhecer aquela velha, nas suas noites...
Numa dessas noites, uma jovem, atraída por uma voz magnificiente, que unia céu e terra, entre o mais harmonioso e mais cavernoso que já tinha ouvido na sua existência, dirigiu-se até àquela misteriosa casa.
A habitual porta tornara-se um portal de madeira imponente, lá dentro estava tudo escuro, como a noite e lá em cima todas as estrelas brilhavam, embaladas pelo Velho Crescente.
O chão era terra, pura terra, revolvida, macia e envolvente.
"Descalça-te filha." Ouviu ela. Fascinada com o que estava a presenciar, anuiu e prosseguiu descalça.
Apercebeu-se que caminhava numa floresta, quando pisou uma raiz, e ao tentar agarra-se a algo, abraçou um voluptuoso tronco.
Seguindo a voz que a tinha chamado, naquela floresta, em noite negra, chegou perto de um fogo tão belo que cruzava os céus em tons de branco, vermelho e preto. Tão intenso, tão profundo que a fez chorar. E ali, estática a uns metros do fogo, ela chorou e chorou. As suas lágrimas pareciam não ter fim, aos seus pés a água corria, como um pequeno ribeiro que procurava outras fontes para fertilizar a terra.
Quando já nada mais tinha para chorar, purificada, sentido o seu coração maior que do que si mesma, tentou aproximar-se do fogo. No entanto, algo a impedia, uma força maior, uma parede de invisível.
"Despe as tuas roupas." Novamente aquela voz...
Vacilando, questionou-se: o que estava a acontecer? Porque tinha de se despir? Começava a sentir-se desconfortável naquele local que, olhando à volta, parecia apenas um sonho sinistro... Mas uma vontade imperiosa de chegar perto daquele fogo, despiu-lhe cada peça de roupa que vestia.
Ao ficar nua, começou a sentir o calor daquele fogo mais próximo de si, tomando cada parte do seu corpo, cada recanto. Chamas rodopiavam à sua volta e dentro de si, acariciavam a sua pele em fogo e queimavam-na em êxtase por dentro. O seu corpo deixou de existir para ser fogo conectado com a Terra e com o céu. Conseguia ver e tocar as estrelas e o Velho Crescente, abraçar as raízes profundas daquelas árvores milenares.
De si fluía um néctar, com todos os tons do arco-íris. Quando tocava o chão brotavam flores, ervas e rebentos de novas árvores. Pequenos animais aproximavam-se para se deliciarem.
Aquele fogo que se estendia ao céu e à terra tornava-se cada vez mais forte e cada vez mais quente, balançava, balançava, rodopiava, dançava... era luz na escuridão e escuridão na luz... aquela luz que atormentava os seus olhos...
"Come estas papas de aveia!"
"Humm? Papas de aveia? Mas o que aconteceu? Onde estou?! Aquele fogo..."
Um profundo suspiro e um sorriso...
Era assim que acordavam, no colo daquela velha, muito velha... Na casa da Grande-Mãe... Junto do seu fogo sempre-vivo, que nutre aqueles que a visitam...de dia ou de noite...
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